Minha primeira experiência com a Ayahuasca

          A primeira vez que tomei o chá foi em novembro de 2019, já tinha ouvido falar, em 2017, até cheguei a procurar, mas não obtive êxito. Em 2019 fui convidada por um amigo a conhecer e topei logo de cara. O local onde servem o chá é em uma chácara afastada da cidade, um lugar tranquilo, cheio de plantas, flores, grama, o lugar perfeito na minha opinião para tal pratica. 

           Ao chegar no local (uma casa simples e ao lado um galpão onde acontece o ritual) passo por uma espécie de entrevista, na qual preencho um questionário e logo após participo de um bate papo onde me apresento a anfitriã. Nada de anormal até aí, a não ser meu julgamento interno para com os demais participantes (... as pessoas que lá estavam pareciam já se conhecer e se cumprimentavam de forma que pra mim era um teatro, cheio de gratidão pra cá, gratidão pra lá...) e pensando ainda se eu iria ficar com fome, até então à mesa estava posta apenas uma água saborizada e bolachas do tipo água e sal. 

         Logo as guardiãs (assim chamadas as moças que nos auxiliam durante o ritual), me chamam  para acomodar com meu cobertor e travesseiro em meu colchonete, de um lado homens e do outro mulheres. Exatamente ás 19 horas somos orientados a formar uma fila ao lado de fora do galpão, para passar por uma espécie de purificação, onde um incenso é passado ao redor do corpo de cada pessoa ao som de uma canção ritualística, um a um, até que todos se acomodem em sues colchonetes. A partir daí a anfitriã passa as instruções de como ocorrerá o ritual e as regras. Finalizado as orientações, ela solicita que formamos duas filas para já receber o chá, ao som de musicas xamânicas.

          Chega a minha vez de tomar o chá, saboreio o líquido denso, marrom, com um sabor bem amargo, (parecia que estava tomando um chá de lama com muitas ervas amargas). Lá vou eu paro o meu colchonete, cubro-me até cabeça. Passam-se pelo menos meia hora e nada, mais uns minutinhos e percebo que dos meus olhos descem lagrimas, até então nenhuma reação, daqui a pouco começo a imaginar formar geométricas em preto e branco que vão e vem como se eu estivesse sonhando, mas estou acordada, daqui a pouco a minhas pernas começam a mexer ao som da musica. Podia parar se quisesse, mas estava tão gostosinho, começo a sentir uma sensação ruim no estomago, sento me, pego meu saquinho e espero. Nada, de novo a sensação e nada, deito me e aproveito as imagens coloridas em minha mente, olho ao meu redor e vejo muitas pessoas vomitando. De repente surgem lembranças da minha infância, lembranças boas, em que estava muito feliz. Lembranças tristes também vem a tona. Nessa hora meu estomago revira e vomito muito. Mas não foi um vomito daqueles parecidos quando você bebe além da conta ou quando comeu algo que não fez bem, é um vômito que alivia, que te dá animo. E os efeitos da primeira dose seguem entre vômitos, choros, risos e uma sensação de paz. 

Vem a segunda dose...

É certo de que cada pessoa tem uma experiência diferente e única, mas a minha contrariando tudo o que havia ouvido sobre as experiência dos outros, que muitas vezes tem contato com a ancestralidade, eu tive uma espécie de visões sobre o futuro. 

A primeira visão foi sobre meu relacionamento, estava conhecendo uma pessoa e sinceramente não sabia se gostava dele de fato. Sinceramente eu o achava feio, não era o tipo de pessoa dos padrões que eu costumava me relacionar. Era calvo, gordinho, baixinho, tinha um jeito de machão, meio ogro, Na visão que tive, vi que ele era minha alma gêmea, Que os defeitos que eu via eram na verdade falhas minhas que eu deveria melhorar, e que o verdadeiro amor era de almas e não de corpos. Tive visões também sobre meu pai, que estaria chegando a hora dele deixar este mundo, e que eu tinha que me aceitar, esta ultima visão me deixou tão impressionada que eu não parava de chorar, aos poucos fui me contendo e logo chegou a hora de tomar o rapé. Rapé são varias ervas misturadas com tabaco, é sobrado nas narinas, O efeito é mais intenso que a ayahuasca e mais rápido também. Finalizado a primeira parte do ritual, com todos já saindo da "força", somos convidados a tomar uma sopa e depois descansamos.

No dia seguinte, participamos de uma espécie de meditação e recebemos o colírio de nome Sananga, que segundo a Xamã, é um colírio que abre a visão do terceiro olho, limpa nossos caminhos e nos dá uma visão mais límpida da vida. Arde muito, mas logo passa. Aí já com as devidas finalizações ritualísticas, compartilhamos o café da manhã.

Saio de lá em verdadeiro êxtase, sentindo-me  como se tivesse zerado a vida rs. Sensação de verdadeira gratidão.